O setor imobiliário, tradicionalmente lento na adoção de novas tecnologias, está a passar por uma transformação profunda impulsionada pela inteligência artificial. Esta revolução tecnológica está a remodelar todos os aspetos do setor, desde a avaliação e comercialização de imóveis até à análise de investimentos e gestão de edifícios.
De acordo com a Morgan Stanley Research, as inovações em IA poderão gerar até 34 mil milhões de dólares em ganhos de eficiência para o setor imobiliário até 2030. O mercado global de IA no imobiliário, avaliado em cerca de 2,9 mil milhões de dólares em 2024, deverá disparar para 41,5 mil milhões de dólares até 2033, com uma impressionante taxa de crescimento anual composta de 30,5%.
O impacto da IA abrange toda a cadeia de valor do imobiliário. Na avaliação de imóveis, algoritmos de aprendizagem automática analisam vastos conjuntos de dados para fornecer estimativas precisas, com uma margem de erro de apenas 3%. A decoração virtual potenciada por IA pode aumentar em até 200% o número de contactos sobre imóveis, em comparação com métodos tradicionais. Para a gestão de propriedades, plataformas baseadas em IA podem aumentar os rendimentos de arrendamento em até 9% e reduzir os custos de manutenção em 14%.
A tecnologia está também a transformar as interações com clientes. Chatbots alimentados por IA oferecem apoio 24 horas por dia, 7 dias por semana, gerindo pedidos de informação e agendamento de visitas sempre que os clientes necessitam. Estes assistentes virtuais utilizam aprendizagem automática para acompanhar o comportamento e preferências dos clientes, fazendo recomendações de imóveis mais precisas e libertando os agentes para tarefas de maior valor.
No domínio do investimento, a IA ajuda a identificar tendências emergentes do mercado com 90% de precisão e a prever tendências de preços de imóveis com 95% de precisão, permitindo decisões de investimento mais inteligentes. Empresas como a Zillow utilizam redes neuronais treinadas com milhões de fotografias e valores de imóveis para gerar estimativas com uma taxa de erro mediana nacional de apenas 2,4%.
A segurança é outra área que está a sofrer uma inovação significativa. As tecnologias de IA desempenham um papel crucial na deteção e prevenção de fraude financeira em transações imobiliárias. Ao implementar sistemas de monitorização de transações e verificação de identidade baseados em IA, os profissionais conseguem identificar rapidamente atividades suspeitas e reduzir riscos.
No entanto, a revolução da IA traz desafios que devem ser endereçados. As preocupações com a privacidade e segurança dos dados são fundamentais, uma vez que as transações imobiliárias envolvem informações pessoais e financeiras sensíveis. As empresas devem implementar estruturas robustas de governação de dados e medidas de cibersegurança para proteger esta informação.
O enviesamento algorítmico é outro desafio. Os sistemas de IA podem herdar preconceitos dos dados de treino, levando potencialmente a resultados discriminatórios em avaliações de imóveis ou seleção de inquilinos. Garantir sistemas de IA justos, transparentes e responsáveis é essencial para uma implementação ética.
O impacto na força de trabalho também é significativo. Embora a IA automatize muitas tarefas, desde apoio administrativo a avaliações de imóveis, ameaça substituir trabalhadores humanos, especialmente em funções operacionais intermédias. As organizações que adotam IA devem assumir a responsabilidade de apoiar os trabalhadores através de requalificação e desenvolvimento de novas competências.
Apesar destes desafios, a adoção de IA no setor imobiliário continua a acelerar. Mais de 60% das empresas já iniciaram projetos-piloto de diferentes casos de uso de IA nas suas funções imobiliárias, segundo o inquérito Future of Work 2024 da JLL. Até 2030, prevê-se que a percentagem de empresas do setor imobiliário a utilizar IA a nível global aumente dos atuais 36% para 90%.
Olhando para o futuro, os profissionais do imobiliário que abraçarem a IA, ao mesmo tempo que enfrentam os seus desafios éticos e práticos, ganharão uma vantagem competitiva significativa. A tecnologia não está apenas a mudar a forma como o setor opera — está a redefinir fundamentalmente o que é possível no imobiliário.