A nova plataforma de IA da FutureHouse representa um avanço significativo na aplicação da inteligência artificial à investigação científica, com potencial para inverter uma preocupante tendência de várias décadas de declínio na produtividade da investigação.
A plataforma é composta por quatro agentes de IA especializados, cada um concebido para resolver obstáculos específicos no processo científico. O Crow funciona como agente generalista para pesquisas bibliográficas e respostas académicas concisas; o Falcon é especializado em revisões aprofundadas de literatura, com acesso a bases de dados científicas especializadas; o Owl identifica se determinadas experiências já foram previamente realizadas; e o Phoenix auxilia os investigadores no planeamento de experiências em química.
Segundo os cofundadores da FutureHouse, Sam Rodriques (PhD do MIT, 2019) e Andrew White, estes agentes foram rigorosamente avaliados e demonstraram superar tanto modelos de IA de última geração como investigadores com doutoramento em tarefas de pesquisa e síntese de literatura. O desenvolvimento da plataforma foi motivado pela experiência de Rodriques durante a sua investigação em neurociências no MIT, onde constatou que o volume esmagador de literatura científica criava um verdadeiro estrangulamento informativo.
"A linguagem natural é a verdadeira linguagem da ciência", explica Rodriques. "Outras pessoas estão a construir modelos fundacionais para a biologia, onde os modelos de aprendizagem automática falam a linguagem do ADN ou das proteínas, e isso é poderoso. Mas as descobertas não estão representadas no ADN ou nas proteínas. A única forma que conhecemos de representar descobertas, formular hipóteses e raciocinar é através da linguagem natural."
A plataforma já demonstrou potencial em aplicações reais. Cientistas de várias instituições de investigação utilizaram os agentes da FutureHouse para realizar revisões sistemáticas de genes relevantes para a doença de Parkinson, com resultados alegadamente superiores aos de ferramentas de IA generalistas. Em maio de 2025, a FutureHouse demonstrou um fluxo de trabalho multiagente que identificou um potencial novo candidato terapêutico para a degenerescência macular seca relacionada com a idade, evidenciando a capacidade da plataforma para acelerar o processo de descoberta.
À medida que a produção científica continua a crescer exponencialmente enquanto a produtividade da investigação diminui — sendo agora necessárias mais tempo, financiamento e equipas maiores para alcançar descobertas — a abordagem da FutureHouse, baseada na criação de agentes de IA especializados e orientados para tarefas específicas, poderá oferecer uma solução para ajudar os cientistas a navegar na crescente complexidade da investigação moderna.