A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos entrou na era da inteligência artificial com o lançamento da Elsa, um sistema interno de IA criado para modernizar a supervisão da segurança alimentar e da regulação de medicamentos pela agência.
Lançada antes do previsto, em junho de 2025, a Elsa é uma ferramenta baseada em modelos de linguagem de grande escala que opera num ambiente GovCloud de alta segurança. O sistema apoia os funcionários da FDA — desde revisores científicos a inspetores de campo — ao resumir relatórios de eventos adversos, comparar rótulos de produtos e identificar alvos de inspeção prioritários.
"Após um programa-piloto muito bem-sucedido com os revisores científicos da FDA, defini um calendário ambicioso para expandir a IA a toda a agência até 30 de junho", afirmou o Comissário da FDA, Marty Makary. "O lançamento da Elsa hoje está adiantado em relação ao planeado e abaixo do orçamento, graças à colaboração dos nossos especialistas internos em todos os centros."
No domínio da segurança alimentar, o impacto da Elsa poderá ser particularmente significativo. Atualmente, as recolhas de alimentos demoram várias semanas a serem oficialmente classificadas e comunicadas ao público — em alguns casos, três a cinco semanas ou mais. Ao ajudar os colaboradores da FDA a analisar relatórios de segurança e identificar tendências de alto risco de forma mais célere, a Elsa poderá encurtar substancialmente este prazo, melhorando a forma e o momento em que os consumidores são informados sobre eventos de contaminação.
Importa salientar que os modelos de IA não são treinados com dados submetidos pelas indústrias reguladas, protegendo assim informações sensíveis de investigação e propriedade. A ferramenta foi concebida para complementar, e não substituir, os especialistas humanos; os revisores continuam responsáveis por orientar o assistente de IA e validar os seus resultados.
A implementação da Elsa surge numa altura de crescente interesse dos consumidores pelo papel da IA na produção alimentar. Um inquérito realizado em dezembro de 2024 revelou que 83% dos consumidores querem que as empresas divulguem quando a IA é utilizada no desenvolvimento ou produção de alimentos. Embora a Elsa não esteja envolvida no desenvolvimento de produtos alimentares nem na redação de rótulos, representa uma mudança significativa na forma como as decisões de segurança alimentar são tomadas nos bastidores.
"A introdução da Elsa é o primeiro passo no percurso global da FDA em IA", afirmou a agência. "À medida que a ferramenta evolui, a agência planeia integrar mais IA em diferentes processos para reforçar ainda mais a missão da FDA."